quinta-feira, 3 de março de 2011

Geração MacGyver - Quem está comigo?

Parafraseando a Dra. Pólo, eu também pertenço à geração do “desenrasca”, ou como carinhosamente denominei: a Geração Macgyver. Os Deolinda cantaram com o coliseu emocionado o quão parvos eram muitos dos que estavam a ouvir a canção. Eu quando a ouvi, e peço desculpa desde já, mas não me revi nela. Adoro a banda, a canção é boa (não é genial), a letra fala da realidade, mas a verdade é que muitos se aproveitaram dela. Incluindo aquela Jornalista (?) que respira de alívio quando diz “imagine se os escravos tivessem feito uma revolução!”. Eu não vou assim tão para fora de pé.

Já li tanta coisa parva, desde da Isabel Jornalista até aos meninos que andam chateados por não encontrarem emprego no dia seguinte a terminarem o seu Mestrado que, forças vindas não sei bem de onde, me obrigaram a comentar. Parvo ou não, tenho idade suficiente para dizer umas merdas, tal como a Pólo fez. No fundo o que quero dizer aqui é que muitos destes que se queixam, não têm razão. Sem medos.

Fiz 3 estágios. Um deles onde fazia 80Km todos os dias, durante 7 meses, sem ganhar nada e enquanto estava a estudar; outro a ganhar 250€ enquanto ainda estudava; e ainda outro mesmo antes de terminar o Mestrado (com 20 no estágio), onde ganhei 300€ por mês durante 6 meses, onde estou neste momento há 1 ano e meio sem férias, sem iPad, sem Blackberry, sem viagem, sem Mini (Punto 1996), sem ginásios, sem muita coisa imprescindível para os “Parvos”.

A grande diferença aqui é que eu estagiei em 3 Multinacionais porque procurei, fiz de tudo, ganhei a confiança de todos, fui e sou competente e sou reconhecido por isso. Procurei estagiar enquanto ainda estudava (coisa que os “parvos” fogem senão a quinta-feira académica fica de fora), já para não falar de que sempre trabalhei no Verão e enquanto estudava para poder pagar estudos. Fui Barman, DJ, Promotor, Coordenador, Formador, Entrevistador, Empregado Mesa…e por aí fora.

No "Prós e Contras" ouvi um rapaz com uma história hilariante: estava ele no IADE e enquanto estudava quis ir fazer um estágio. Viu e concorreu. Os amigos diziam que era cedo demais para ele ir estagiar. Ele não quis ouvir e foi. Ficou. Aliás, foi o único a concorrer para um estágio numa grande Multinacional. Isto incomoda-me. É isto que realmente me incomoda. É alguma desta geração pensar que vão entrar pela porta grande, a ganhar em grande, a pensar em grande. Este rapaz ficou lá e hoje já ganhou vários prémios na área da Publicidade.

Por escrever desta forma não quer dizer que concorde como tudo está. De modo algum. Mas enquanto uns querem fazer parte da solução, indo à luta, fazendo sacrifícios, estagiando, aprendendo, os outros fazem parte do problema à espera que caia um estágio de 900€ com ajudas do estado, na área específica que estudaram, na cadeira que mais gostaram, a fazer logo aquilo que realmente gostam, a sair a horas, pertinho de casa para ir a trocar mensagens no BlackBerry com as amigas enquanto ouve o seu iPod novo as músicas das bandas dos próximos 4 festivais que vai este Verão, no seu Mini novinho em folha, com a gasolina dos pais e com as novas botas que comprou ontem à noite para estrear na sexta-feira no jantar de amigas no Estado Líquido. 

Em vez de cumprirem, acrescentem.

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