terça-feira, 6 de julho de 2010

Hierarquia das Prioridades



Há dias numa conversa entre amigos de longa data perguntava, de acordo com a minha experiência profissional, se o português era bom trabalhador. É inacreditável o número de respostas diferentes. Tudo leva a crer que cada cabeça terá a sua sentença. Mas numa coisa há factos: os portugueses sempre foram vistos como excelentes trabalhadores. Com um pormenor: sempre lá fora.

No nosso Portugal existem maus chefes e consequentemente maus empregados/colaboradores. Lá fora as chefias são mais instruídas e estão no lugar certo. Cá, nem por isso. Conta-se pelos dedos das mãos. A ajudar a festa, Portugal é o 3º país a nível Mundial com maiores disparidades de salários. Chega a ser uma diferença de 30 ou 40 vezes. Na mesma empresa ter pessoas que ganham mais 40 vezes do que outras. Na mesma empresa, repito.

Numa reportagem que vi, interessante, sobre jovens empreendedores, todos se queixavam da abordagem Portuguesa. E é aqui que eu detenho a ideia que as nossas prioridades estão completamente trocadas, não só a nível pessoal como profissional. Diziam os jovens empreendedores que, aquando a apresentação do seu produto a empresas estrangeiras as perguntas eram qualquer coisa como "Em que medida é que vou ser mais produtivo? Quais são as vantagens práticas de usar a sua marca? Estará a minha empresa mais segura? Os meus colaboradores vão ser mais eficazes?". Estas são algumas das prioridades dos empresários, líderes e gestores das empresas estrangeiras, que empregam milhares de pessoas e que fornecem ao mercado soluções de qualidade. Depois, a abordagem portuguesa. Simples e directa: "Ok. Gosto muito. Quanto é que isso vai custar?".Não me surpreende. A prioridade aqui das empresas é lucro no final do ano, dê por onde der, porque tem muita factura para pagar, fornecedores, clientes à espera e o estado não espera. Lá fora percebem que para ser competitivos têm de ser mais produtivos, ter os melhores colaboradores e estar sempre na frente da tecnologia e de políticas de gestão. Cá temos o nosso querido desenrasque e "Para o ano logo se vê".

Os Portugeses, tal como na sua vida pessoal, têm as suas prioridades trocadas no âmbito profissional. Espero que a minha geração não emigre toda e esteja cá para melhorar o nível de vida profissional e consequentemente o nível de vida pessoal. Eu tento fazê-lo todos os dias sempre a esbarrar em imensas portas que já estão fechadas antes de eu sequer bater à porta. E tenho a certeza que não sou o único.

Já chega de chefes de merda e de maus serviços em Portugal.

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