Em alusão a um grande jogo virtual inicio esta crónica. Será simples para pessoas que gostam das explicações simplificadas em género de esquema cognitivo básico. Será, talvez, complicado entender o porquê.
Tinha um grande professor meu que nunca acreditou em analogias. Eu, com muita sinceridade, não acredito nelas apesar de não conseguir resistir à tentação com medo que ela não volte, tal como Oscar Wilde escreveu.
Livros como "A arte da Guerra e Liderança", por exemplo. O problema destas analogias é, tal como vai acontecer nesta crónica, as pessoas levam as analogias demasiado a sério e à letra. Ser letrado não significa seguir à letra. Just in case. Aqui a alusão é ao nosso futebol e a nós enquanto comuns.
José Mourinho. Quem não gosta, feche a porta antes de sair.
Tenho especial admiração profissional por Zé Mario. Acredito que muitos não compreendam (ler parágrafo acima) mas é nele que muitas vezes arranjo alguma inspiração e transpiração para superar certos objectivos ou ideias parvas. Posso adiantar a esta hora que, o Zé Mário há coisa de 4 ou 5 anos atrás era um animal. Uma besta e um arrogante. Hoje tem aquilo que muitos de nós procuram: Respeito. Com um "R" bem grande, mais ou menos do tamanho do ego de Zé Mário.
E este percurso de aumentar o "R" de Zé Mário não foi fácil. Para nós. Houve muita populaça que engoliu vários elefantes. Uns ficaram na goela presos por um tempo outros caíram no estômago com estardalhaço causando a tão conhecida azia. Para Zé Mário não foi mais do que trabalhar e acreditar no que faz. Trabalhar que nem um animal, como o próprio disse antes da final da Champions. Basicamente é aquilo que muitos tugas não fazem, não percebem e muito menos querem saber. É preciso muito trabalho para chegar ao topo. E é preciso trabalhar que nem um verdadeiro animal para nos mantermos no topo.
Zé Mário é aquele português que, no meio da mediocridade, conseguiu vencer. Muitos apenas o viram dessa forma. Um gajo que sabia umas coisas de futebol e que era apenas melhor que os treinadores de cá e lá fora nem uma taça ganhava. Mas estavam todos enganados. Esses pelintras. Tal como eu, tenho a certeza que naquele momento se reviram nele vários machos da praça Lusitana, recordando aquelas ideias as quais os chefes nos mandaram cagar ou cagar nelas. Zé Mário cagou neles todos. Cagou neles porque acreditou, com bases sólidas, que o seu trabalho iria calar a boca a esses "chefes".
Para além de calar a boca a esses todos abriu a boca a muitos de pasmo. Sinal de respeito. Sinal de que Zé Mário é, sem dúvida, O Maior.
E, para culminar, a ultima entrevista das muitas que vi de Zé Mário, houve algo que fez os olhos de Zé Mário brilhar e naquele momento eu senti os meus também a brilhar. A sensação de vitória quando todos nos deitam abaixo é a melhor sensação do Mundo. Sentimo-nos invencíveis mas não imortais. Sentimo-nos que todos os que nos queriam deitar abaixo, agora estão em baixo de joelhos em sinal de respeito, de cabeça baixa e de boca calada.
E é por isto e muito mais que eu sigo Zé Mário. Porque ser bom numa profissão, independentemente de qual for, exige trabalho, dedicação e muita transpiração. A sorte, essa, procura-se. Mesmo que não a encontremos logo, andamos sempre perto dela.
- "Matei-os! Eles não queriam nada que eu ganhasse e eu fui ficando um bocado cansado e desgastado no prazer de fazer o meu trabalho, mas que foi sendo alimentado por um grupo completamente fantástico e que se calhar foi o mais fantástico de todos.” por José Mourinho.
Encontramo-nos em Madrid, Zé.
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